quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal Cigano - Da fartura ao Ra(s)pa

Uma das mais antigas tradições do povo cigano é a festa da família, ou festa do natal. Neste dia comemora-se o nascimento do menino Jesus e o povo cigano sendo-lhe pedida a sua bênção por este ser também o dia do cigano. A festa é comemorada o mais tardar a partir do dia 23 e dura até o fim de ano, isto é dia 1 Janeiro, se considerarmos a mudança de data a partir da meia noite.

Estruturalmente esta celebração apresenta-se da seguinte forma:

DIA 23 - Dia dos pestins

Neste dia as mulheres preparam as massas com que farão os pestins, os homens esmurraçam a massa para ficar bem amassada. É de salientar que a preparação do pestins é feita por mulher casada com a ajuda dos filhos e do marido.

Dia 24 - Dia do Cigano

Dia mais restrito na tradição cigana, neste dia não se olha com bons olhos quando chegada a noite algum elemento da família já não esta em casa, mas antes na rua ou a caminho. Outra proibição refere-se aos indivíduos de etnia não-cigana que em circunstancia alguma (salvo casamentos) podem se deter na porta onde é feita a comemoração, quanto mais entrar. Também evitam-se os tratos com não-ciganos. Este dia, o do cigano, deve ser dedicado aos ciganos suas actividades.
Nesta noite estende-se um lençol no chão e sobre este é montada a mesa: travessas de feijão do natal ( receita diferente da sopa "tradicional" que se faz ao longo do ano), bacalhau e os pestins. Não se serve carne. É à mesa que se faz então a bênção pela reunião e pela refeição e se fazem os votos para o novo ano. Há também a competição dos comeres: quem fez o melhor feijão? E os melhores Pestins?
Canta-se as musicas do natal ,cada família com a  sua tradição e continua-se a festejar e a conviver até ao final da noite.

Dia 25 - Dia da cabidela

Neste dia acaba-se o jejum de carnes e serve-se a  cabidela (embora numa receita algo variada em relação à comum). Chegar vivo a este dia é uma bênção e uma premonição muito positiva, principalmente se houver alguma criança no seio familiar (felizmente há sempre).

Dia 26 - Ra(s)pa

Finalmente o dia do Raspa, não se faz comer, apenas acaba-se com os que restou do dia anterior, raspa-se o tacho. Desta forma lembra-se a privações e a necessidade. Também é o que simboliza mais a atitude do cigano de não desperdiçar negligentemente. A vida dura obriga-nos a isso. O luxo e o conforto devem vir depois do trabalho árduo e do alimento. Isto porque para os ciganos primeiro vem a barriga e só depois os gostos.
Em todos os dias canta-se e dança-se como forma de comemorar as bênçãos recebidas nesse ano, é assim como uma recepção ao embaixador do novo ano.

[Contudo esta comemoração não é Religiosa, tem algum carácter religioso devido à forma como é comemorada em outras culturas, mas trata-se de uma festividade mais dedicada à família e a Deus, do que a qualquer igreja ou religião, como é feito noutras culturas. Não se comemora o Natal por se ser católico, mas Cigano.]

1 comentário:

Gitelles disse...

Pessoalmente esta não é uma época que aprecie. Muito embora goste de estar com a família, a verdade é que o Natal é primariamente uma celebração de origem pagã, pois a sua origem vem das saturnais romanas que por seu lado foram buscá-la aos babilónios... Mas enfim, como é dedicado a uma personagem cristã a coisa toma outra forma. Também acho uma época triste, ao lembrarmo-nos dos que não estão presentes...
[alem de que o proprio Sr Jesus não nasceu a 25 Dezembro, sendo isso uma arbitrariedade tomada em conveniência com o dia das Saturnais onde as mesmos costumes já eram realizados, como a troca de presentes e isso assim. ]
Alem disso as pessoas revestem-se de uma mascara alegre quando não o estão e põem-se a desejar todas as coisas boas e maravilhosas que na verdade não sentem e acho isso falso e hipócrita, desculpem-me a rudeza.

Por isso não é uma altura que eu goste. Embora respeite os que celebram com sinceridade, que também os há!