quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ciganos - O trauma histórico parte II

(o presente post vem na continuação de Ciganos - o trauma histórico parte I)
"A simples palavra 'ciganos' tem uma conotação negativa"
As razões que explicam a discriminação para com a comunidade Roma podem oscilar entre o nomadismo que caracteriza esta minoria étnica e o desconhecimento da cultura cigana. Luís Pascoal, do Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas, considera que a ideia que as pessoas têm dos ciganos é "perfeitamente preconceituosa". Para o responsável, o fenómeno da discriminação da população Roma está muito enraizado na cultura portuguesa, de tal modo que "a simples palavra 'ciganos' tem uma conotação negativa".
Segundo André Correia, antropólogo do Centro de Estudos Territoriais (CET) do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), o facto de os ciganos estarem constantemente a mudar de região não é visto com bons olhos pela opinião pública que "teima em não ver qualidades de uma cultura diferente".
Para o antropólogo, se por um lado os ciganos são um povo nómada, por causa da sua própria origem, por outro a legislação pré-25 de Abril "não permitia que a comunidade cigana estivesse mais do que 24 horas no mesmo local", obrigando-a a estar em constante deslocação.
Victor Marques defende uma ideia diferente. Para o presidente da URP, não existem nómadas em Portugal. "O que acontece é que os ciganos em Portugal são, como sempre foram, um povo com extrema mobilidade, mas estão sedentarizados num determinado local". A capacidade de uma família cigana de se ausentar alguns meses da sua casa em "busca de maior sucesso em feiras" é um dos exemplos que levam as pessoas a rotular os ciganos como "nómadas".

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